Outro dia comentei na minha página pessoal no Facebook sobre
que tipo de atuação que a população parece esperar de quem elege para representá-la
nas esferas do poder do Estado. Do Executivo ao Legislativo, ao que se
vislumbra, o descontentamento com a prática e a forma de se fazer essa
representação é notória: legisladores, membros do Executivo e, porque não, do
Judiciário (embora estes tenham um tipo de ascensão diferente) simplesmente ignoraram
seu verdadeiro papel quando lá, no centro do poder.
Tenho visto algumas colocações na boca de muitos dos
políticos com mandato: “governar para o povo”, “não adianta estar na política
se não for para melhorar a vida das pessoas” ou “meu mandato é para fazer
aquilo que a sociedade espera”. Na prática, não é o que se verifica.
A atuação do Legislativo, em qualquer esfera, merece um aparte.
Afinal, nossos legisladores têm se mostrado, salvo raras exceções, legítimos
representantes de seus grupos políticos, partidos ou patrocinadores de campanhas
– leia-se empresários afortunados ou com influência econômica, entre outros. O
povo, de fato, a sociedade como um todo e seus anseios, passam longe.
O papel do Legislador é, na prática e essência, fazer leis e
fiscalizar o cumprimento delas. Cobrar pela solução de problemas que afetam o
cidadão como um todo. Apenas para se ilustrar de maneira singela qual a
responsabilidade de um legislador. Na prática, isso somente ocorre, e ainda
assim de maneira meramente partidária, quando o legislador é oposição ao
Executivo. Isso, sem via de regra, em todas as esferas.
Em Brusque tivemos e temos atualmente exemplos claros dessa
atuação. No último ano de mandato, o ex-prefeito Ciro Roza foi eleito com uma
ampla e total maioria no Legislativo: todos eram de sua base. Pelo menos até
que um deles, José Zancanaro, na época do PMDB, debandou e virou oposição. Hoje
faz parte, novamente, do grupo de Roza. Recordo que, naquela ocasião, a atuação
da Câmara era de, simplesmente, fechar os olhos para as ações do Executivo. Não
fossem olhares externos, de adversários políticos, um estrago muito maior teria
sido feito para a cidade naquele tempo.
Com sua reeleição em 2012, Paulo Eccel conseguiu articular e
fazer ampla maioria no Legislativo, que, mais tarde, virou oposição. Por um bom
tempo, todos de sua base fechavam os olhos para as ações do Executivo. Até
haver a tal debandada. O papel de seus membros do partido, entretanto, seguiu a
cartilha de fechar os olhos para as falhas do governo.
Atualmente cabe destacar a atuação dos membros do atual
governo na Câmara. O partido do prefeito Bóca Cunha, o PP, tem dois nomes:
Edson Muller, o Pipoca, e Jean Pirola. Chama atenção o silêncio de ambos nestes
momentos de dificuldade e muitas críticas pelas quais passa o Executivo por sua
atuação. Das reclamações sobre horário de atendimento da Prefeitura, cortes de
procedimentos com argumento de ajustar as contas, falta de manutenção da
infraestrutura da cidade, entre outros pontos.
Sabe-se que a situação financeira dos municípios não é das
melhores. Porém, algumas medidas adotadas são uma afronta ao cidadão. Neste momento,
o papel do legislador é o mesmo de quando ele é oposição: ir a público e fazer coro
aos reclames da população. Não é o que se vê da parte de quem está na base do
Executivo, seja nos municípios, no governo estadual ou federal.
O que não se pode mais aceitar são políticos, e aqui vale
para todos os partidos e grupos, que simplesmente governam ou legislam para
seus aliados. Espero que o eleitor acorde um dia de fato e faça essa análise.
Aliás, ao que parece, está havendo uma transformação. Vide o resultado das urnas
no último pleito. Mas como diz um colega jornalista, isso já é outro papo.
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